O custo financeiro para as empresas causado por contaminações em alimentos

29/set/2016

O custo financeiro para as empresas causado por contaminações em alimentos


L. Fernando V. de Oliveira 

É cada vez mais comum saírem notícias em meios de comunicações sobre recall (remoção de produtos em não conformidade que apresentam risco à vida dos consumidores) em consequência de contaminações microbiológicas, seja por casos de fiscalização de agências sanitárias ou por consumidores com quadro de intoxicação. Mesmo em empresas de grande porte com padrões rigorosos de qualidade, certificações, laboratório de microbiologia e setor de controle de qualidade, por vezes, aparecem notícias relacionadas a recall causados por contaminações em alimentos.

Além da óbvia responsabilidade social e legal que casos assim implicam às empresas, existe um custo financeiro em decorrência do recall que pode levar empresas a perderem milhões. Nesse breve post, vamos descrever esses custos e mostrar como a falta de investimento em controle de qualidade pode gerar grandes perdas financeiras às empresas.

Generalizando, podemos dividir os custos gerados por um recall em custos diretos e custos indiretos:

Custos Diretos

  • Custos de fabricação
  • Custos com retrabalhocustos financeiros
  • Custos com inspeções e rejeições de lotes na fábrica
  • Custos com descarte de lotes pelos distribuidores
  • Custos de reposição do produto
  • Custos de armazenamento
  • Custos com frete para recolhimento do produto no distribuidor
  • Custos com aumento de vazio sanitário
  • Custos com multas de agências fiscalizadoras

Custos indiretos

  • Insatisfação do cliente
  • Perda de fidelidade do cliente
  • Enfraquecimento da marca
  • Aumento da pressão nos colaboradores
  • Perda de produtividade
  • Perdas de vendas futuras
  • Queda dos lucros

No início de 2016 o FDA* (Food and Drug Administration) reportou 55 casos de pessoas contaminadas por E. coli, estirpe O26, depois de consumirem alimentos servidos em restaurantes da rede Chipotle Mexican Grill, famosa rede de fast-food dos EUA, a maior parte dos casos foram relatados em Outubro de 2015 (FDA). Esse surto gerou uma crise de segurança alimentar com muitos clientes abandonando em massa a rede e refletindo em uma queda nas vendas de 23,6% no segundo trimestre de 2016 (Fortune). Segundo pesquisa do banco Morgan Stanley, companhia de serviços financeiros, 25% dos clientes pararam de frequentar ou diminuíram a frequência que vão aos restaurantes da marca Chipotle (Fortune).

custos financeirosA companhia ainda gastou milhões de dólares para descobrir a origem do surto realizando mais de 2.500 testes em alimentos, superfícies e equipamentos nos restaurantes para identificar a bactéria E.coli (FDA). Para retomar a confiança dos consumidores a rede também tomou diversas medidas promocionais para atrair clientes como a doação de 6 milhões de burritos, 1 milhão de guacamoles e lançou cupons promocionais. As ações para atração de clientes, associado ao aumento de custos gerado pelo surto, reduziu os lucros da rede no segundo trimestre de 2016 em US$ 140.200.000,00, comparado ao segundo trimestre de 2015 (Chipotle).

Com cadeias de suprimentos cada vez mais longas e complexas esse tipo de caso é muito mais comum do que imaginamos no setor de alimentos.

Segundo uma pesquisa realizada pela Grocery Manufacturers Association (GMA) em 36 grandes empresas do setor de alimentos com atuação internacional, 55% relataram que já tiveram um recall nos últimos cinco anos, sendo que 77% sofreram um impacto de cerca de US$ 30 milhões de dólares, enquanto 23% das empresas tiveram um impacto acima desse valor.

Com consumidores cada vez mais exigentes em relação a origem e qualidade dos produtos que consomem, é fundamental que empresas do setor de alimentos, sejam de pequeno ou grande porte, invistam em qualidade, segurança alimentar, melhoria de processos e novas tecnologias, atuando de maneira preventiva para evitar problemas dessa natureza.

* Órgão nos Estados Unidos responsável pelo controle e fiscalização dos alimentos.

Para evitar esses gastos com recall o melhor caminho é a prevenção e monitoramento. Converse com um de nossos especialistas e veja como a Neoprospecta atua nestes casos.

Gostou deste post? Assine nossa Newsletter Food e receba mensalmente um e-mail com todas as nossas publicações sobre o assunto.


 

  1. FDA. Recalls outbreaks emergencies. Disponível em: http://www.fda.gov/Food/RecallsOutbreaksEmergencies/Outbreaks/ucm470410.html [Acessado em 28/09/2016].
  2. Fortune. Chipotle’s E.Coli hangover lingers as sales plunge again. Disponível em: http://fortune.com/2016/07/21/chipotles-e-coli-hangover-lingers-as-sales-plunge-again/ [Acessado em 28/09/2016].
  3. Chiplote Mexican Grill. Inc. Announces Second Quarter 2016 Results. Disponível em: http://ir.chipotle.com/phoenix.zhtml?c=194775&p=irol-newsArticle&ID=2187323 [Acessado em 28/09/2016].
  4. PAR. The ROI of food safety. Disponível em: http://cdn2.hubspot.net/hubfs/477690/ROIofFoodSafetyWhitepaper_2.pdf
  5. Food Safety Brazil. Disponível em: http://foodsafetybrazil.org/recall-custos-da-nao-qualidade/ [Acessado em 28/09/2016].
  6. Grocery Manufacturers Association. Capturing Recall Costs: Measuring and Recovering the Losses. Disponível em: http://www.gmaonline.org [Acessado em 28/09/2016].
  7. Food Safety Brazil. Disponível em: http://foodsafetybrazil.org/qual-e-a-diferenca-entre-recolhimento-e-recall/ [Acessado em 28/09/2016].

 


Sobre o autor: L. Fernando V. de Oliveira é Economista (UFSM) com especialização em gestão da inovação e desenvolvimento tecnológico. É sócio-fundador e diretor de negócios da Neoprospecta, além de Diretor de Marketing.

Veja também

alguns posts relacionados

Neoprospecta 2016. Todos os direitos reservados.

www.neoprospecta.com